segunda-feira, 5 de novembro de 2012

16:30

Tem tanta coisa nessa minha cabecinha confusa.
Tantos assuntos dos quais eu queria falar que esse provavelmente vai ser um daqueles textos longos, sem sentido cheio de devaneios que ninguém vai ler porque não tem paciência, ou porque vai parar no rascunho mesmo. Morro de medo de alguém descobrir o que tem nos meus rascunhos. Ainda bem que não interessa! Bem, é tanta coisa que eu comecei o último post de um jeito e acabei de outro. 
Ia falar sobre esse nó na minha garganta e falei sobre minha mania de me interessar intensamente por dois minutos. Estou preocupada com isso. 
O nó! 
Essa agonia desesperada que não tem sentido, razão, fundamento... mas tem hora marcada!
Sim, tem hora. 
Eu acordo bem. Não gosto de falar "de manhã" (de manhã, pra mim, é a hora que eu acordo, mesmo que seja às três da tarde), mas não dá pra dizer que acordo mal humorada. Demora um tempinho até eu me adaptar novamente ao que está além da porta do meu quarto, mas me adapto. E faço isso quase todos os dias. Tenho que fazer. 
O dia passa, o nível de bem-estar cai. É lá pelas 16:30. 
Junto os travesseiros, encosto nele, nem deitada nem sentada, quase em posição fetal e parece que minha cabeça se esvazia. Não penso em nada, não presto atenção a mais nada, fico meio catatônica. E a garganta vai apertando aos poucos. Tenho a impressão de que há alguém brincando de me torturar, me esganando lentamente pra eu ir me sentindo cada vez pior, sem perceber que estou morrendo. E assim continua até lá pelas 21:00. Depois passa. Normalmente passa. Hoje, ainda não.
O bem-estar não volta. Fica um vazio. Um espaço a ser preenchido. E é justamente aí que eu acho que está a causa e a solução do problema.
Que espaço é esse? O que é que falta?
Eu tenho uma necessidade enorme de falar sobre isso, mas não o faço porque não conheço ninguém que saiba o que eu sinto. 
Nem os médicos pelos quais eu passei servem. Eles querem me entupir de remédios.  Psicólogos também não, pois não quero ser curada, só quero falar e quero muito mesmo ouvir. Já tentei conversar com alguns mais chegados, mas eles sempre tentaram me enfiar na cabeça explicações que consideram lógicas, mas que, pra mim, não fazem sentido algum. Não gosto de conversar sobre isso com ninguém porque as respostas são sempre as mesmas: falta Deus. falta amor, falta ânimo.
Porra! Me deixem em paz, pelo amor desse Deus aí em quem vocês acreditam!
Não é nada disso!
Eu não sei o que é, mas não é nada disso. 
Eu queria encontrar alguém que me dissesse "Hey! Eu sei exatamente como é!", pra passarmos horas reclamando, expondo, contando, só pra desabafarmos mesmo, sem nos preocuparmos com soluções. Pra chorarmos, se preciso, mas, acima de tudo, pra sabermos que não somos únicos. Nem sempre é legal ser o incompreendido. E nunca é legal uma compreensão fingida por quem não sabe como é. Preciso de alguém que saiba como é. 
Essa pessoa não existe. 
Não sei o que falta, se é que falta, mas sei o que tenho e não posso reclamar de nada do que tenho: família, um ou dois amigos, emprego... liberdade e independência! Tenho a consciência de estar, aos poucos, acabando com tudo o que tenho. Talvez pra ter algo real pra reclamar, talvez porque ache que, quando o que me resta de bom acabar, eu me acabe também. 
E ânimo? Óbvio que falta! Vende em farmácia? 
Como é que alguém "cria" ânimo?
Ou você tem, ou não tem. Eu não tenho. Talvez antes das 16:30. 
Mesmo que vendesse, eu não tomaria, pois isso iria mascarar o que sinto, não resolver. 
Tenho um potão de remédio aqui no criado-mudo. É só esticar a mão e mandar dois ou três pra dentro. Eu tomei algumas vezes porque eles me ajudavam a dormir, mas parei. Prefiro ficar acordada. O sono vem de vez em quando, como essa noite. Me derrubou, dormi dez ou onze horas sem acordar nenhuma vez, sem nenhum sonho perturbador e eu acordei feliz da vida. Tão feliz que coloquei algumas coisas em dia e fiz alguns planos durante duas horas.
E então, o relógio marcou 16:30. Eu não vi as horas, mas sabia que eram 16:30.




  










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