quarta-feira, 10 de março de 2010

Esse displiscente!

Um vagabundo. Não há outra definição.

Vive vagando, vadiando, nunca está num lugar só.
Tem seu canto bem protegido e ali não há alma que se achegue.
Sem norte, passa longe dos portos e só se deixa atracar quando algum tipo de tédio se instaura. Mas logo este faz suas malas, parte e dá lugar a tédio maior.
Então ele recolhe sua âncora, liga seus motores e segue. Só.
Em seu canto sagrado não há lugar pra sofás ou camas. Nada que faça um visitante se sentir tão confortável que queira ficar por muito tempo.
Alí tem lugar pra um café, um cigarro, um bom papo. Em uma cadeira dura e incômoda. Assim, a visita se vai quando se esvai o assunto.
Desapegado. E desarmado. A seu favor tem experiências próprias e alheias. Não repete os erros e não tenta acertar. Apenas vive, pulsa, jorra. E aprende e acumula memórias.
Se resguarda e se sente bem assim. Não sabe se nasceu desse jeito ou se no fundo ainda não nasceu.
Certo visitante lhe despertou algo inusitado e ainda não definido. Talvez simpatia, talvez mera curiosidade. A esse visitante foi reservada uma almofada bem grande para que ele se jogasse nela quando bem entedesse.
Parece-lhe que este visitante não se importa muito com esse pequeno conforto oferecido, mas ele continua ali.
Não quer, de forma alguma, aportar, mas sente que gostaria dessa presença vez ou outra. Para cafés e cigarros e conversas e mais...
Por vezes tem a impressão de que a campainha toca. E ele salta, a ponto de querer sair dançando por aí.
Mas logo volta a se aquietar, em seu devido lugar, sem estar certo de que aquele ímpeto tivera sido impulsionado por um motivo real.

2 comentários:

Juan Moravagine Carneiro disse...

Gosto da maneira que vc escreve, você consegue deixar as entrelinhas com várias possiveis interpretações.

até

Sophia disse...

Não tanto quanto você!
"Até"