domingo, 21 de março de 2010

Típica tarde de Domingo (II)

Domingo costumava ser um dia de acordar cedo, lavar o carro do meu pai, fazer as unhas, ligar para um amigo escolhido de forma aleatórea e falar sobre assuntos também aleatórios: a noite anterior, trabalho, novidades... Assuntos em importância.
Bem, domingo era dia. O caso, agora, é que as noites anteriores aos domingos têm sido tão agitadas que não me deixam outra alternativa senão ficar de molho.
Tudo está exatamente do jeito que estava ontem quando saí de casa, exceto algumas peças de roupa que deixei em cima da cama e, quando cheguei, joguei em um canto qualquer pelo chão. 
Meu quarto está uma bagunça. Minha casa, meu carro, minhas unhas estão uma bagunça. Minha vida está uma bagunça... Não sei onde deixei minha bolsa. Voltei com ela pra casa, tenho certeza.
Não tenho a mínima intenção de me mexer. De levantar dessa cama e fazer algo. As roupas continuam me olhando e implorando por um lugar apropriado a elas. Essa visão que tenho, aqui do alto da minha cama, me incomoda. Mas não a ponto de me fazer ter vontade suficiente pra dar um jeito nela. É essa dor de cabeça que me faz parecer estar voando e, ao mesmo tempo, me faz sentir ser tão inútil.
Não tenho coragem de me levantar e colocar um filme pra assistir. Nem de pegar o livro que comecei na sexta feira e que me fez companhia até as cinco da manhã, porque não conseguia parar de lê-lo. Aliás, só parei porque tive um ataque de riso em uma das passagens que me lembrou algo que aconteceu na escola com um menino da minha sata: "TAMP, TAMP, TAMP". Me permito um "KKKKK" a esta altura.
A vida imita a arte, a arte imita a vida, ou as duas sincronizam-se?
Telefone sem som, cinco chamadas não atendidas.
O celular, au acho, coloquei pra carregar quando cheguei hoje de manhã e ele está caído embaixo da cama. Vai ficar ali por uns dias. Não quero falar com ninguém. Sem interação social hoje, por favor!
"NO SOUP FOR YOU!"
Um cara que conheci me deu umas broncas porque não atendia o celular nem respondia às mensagens. Perguntou se fazia isso com todos e eu respondi (finalmente eu respondi) que não. Que só fazia com quem era idiota. O cara sumiu. Nunca mais me mandou mensagem. Porquê será??? Sumiu até ontem. Tinha uma mensgem dele quando coloquei o celular pra carregar. Então, exlico porque não respondo:
Esqueço sempre o bendito do celular no carro (isso quando me lembro de sair com ele). Ele fica três, quatro dias sem bateria. Às vezes minha irmã o coloca para carregar, porque tenta me ligar e nunca consegue. Ele ficou por quatro meses com uma menina que nunca vi na vida. Cansada de me esperar buscá-lo, o mandou por sedex. Só o tenho ainda porque não tenho um despertador. 
Não tenho um despertador porque o tic-tac me irrita. Não tenho um rádio relógio porque a luz me irrita. Costumava deixar o som despertar quando estava sem o celular, mas a luz dele me incomodava. Não consigo dormir com nenhuma luz. Coloquei fita isolante na TV, no receptor e no interruptor. Este fica verde fluorescente no escuro, como aqueles E.T.s quem vinham no Kinder Ovo. 
Todo santo dia meu irmão entra nervoso no meu quarto, brigando comigo porque desliguei o modem e o roteador. 
Quem, em sã consciência, consegue se deixar cair na inconsciência e entrar em REM com nove luzezinhas piscando do lado da sua cama bem no seu rosto? 
Terminou o download de um filme agora. Acho que vou tentar assistí-lo.. O jogo do Corinthians está parecendo jogo de várzea... Ou vou dormir mais um pouco. Ainda não me decidi.
Sei que somente amanhã vou pensar na noite de ontem. E só amanhã vou voltar a organizar minha vida e minhas coisas. Entendo porque todos deixam tudo pra segunda-feira. Pelo menos entendo os que vivem como eu. 
Hoje é dia de isolamento. Não é tédio, não. É que não sou de ferro e não tenho mais idade, nem pique,  pra fazer o que fazia dez anos atrás: virar a noite na gandaia.
Maldita ressaca! Ou artrite, sei lá...

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