segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ruínas

Não sei se tento escrever um conto, ou se faço como habitualmente e escrevo como forma de desabafo. Esse eu não estou escrevendo no Word. Só fiz isso uma vez. Normalmente já escrevo diretamente aqui. Mas o que quero relatar não aconteceu comigo e tenho dúvidas quanto ao tipo de texto.
Tomando cuidado para não revelar a verdadeira história, nem os verdadeiros envolvidos, tentarei deixar aqui minhas impressões.
Sou uma incrédula em relação à tudo (ou quase). Não acredito em promessas. Não acredito em felicidade eterna e linear - como nas histórias que ouvimos de pessoas que encontraram um grande amor e foram felizes para sempre... Porém, toda vez que ouço que esse "felizes para sempre" falhou, me sinto mal. E me sinto mal por perceber, mais uma vez, que eu estava certa em ser tão cética.
Essas histórias parecem com aquelas de contos de fadas que sempre terminam no casamento: introdução - desenvolvimento - complicação - climax - conclusão.
É assim mesmo: no começo, conhecemos as personagens e o que cada uma faz, conta-se alguns fatos marcantes, depois algum problema enfrentado. Então vem o ápice do problema, o herói e como este acabou com o empecilho e o final feliz.  
Mas e depois, o que acontece? O conto acabou, mas e a vida?
Tudo fica bem eternamente? Você encontra alguém legal, resolve passar o resto de sua vida com esse alguém, passa por algumas dificuldades, luta, tudo se resolve e depois tudo fica tranquilo? 
A vida se transforma: o que antes era casa dos pais vira nossa casa. O que antes eram meras briguinhas com os irmãos vira preocupação com a educação dos filhos, com a administração da casa, com o jantar do marido.
Quem antes se ocupava de si passa a se ocupar do outro. E a vida passa. 
Todos os dias igual: acordar, tomar café, cuidar dos outros, trabalhar e, se sobrar tempo, cuidar de si. Se sobrar tempo.
Há quem diga que felicidade é isso. Irl evando até encontrar alguém e construir uma vida a partir daí.
A vida já construída até então é deixada pra trás. 
E um dia o que os dois construiram juntos desmorona. Do nada, sem motivo aparente. 
Então percebe-se que o cabelo que estava crescendo nao era vaidade. Era descuido. E o peso perdido era a tristeza fazendo efeito. E a vida que você deixou pra trás não vai voltar e que você não poderá refazer seu caminho. Não podera fazer novas escolhas que tornariam a história diferente. 
O ressentimento toma conta do seu peito e você se arrepende por tanta dedicação. Se corrói por não ter se dado a devida atenção e por não saber onde falhou. 
Tudo parecia tão perfeito... O que será que você fez de errado?
Quando nos dispomos a dividir nossa vida temos de saber, desde o começo, que pode não dar certo. Não é questão de pessimismo, mas de visão. E, se não der certo, temos de saber que todos temos uma parcela de culpa. Mas isso não pode servir de motivo de auto martírio.
Por pior que seja  final da história, devemos lembrar que por um tempo foi bom. Pelo tempo suficiente foi realmente perfeito e esses momentos renderam ótimos frutos. Sempre temos algo gratificante, nem que seja uma coisinha ínfima, pra nos mostrar que não fizemos em vão.
Só nos resta seguir. Dar as costas às ruinas e começar uma nova construção. E viver!

Força!

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