quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Convite.

E ouvi, novamente, o som que me acalmava.
Surgia pela terceira ou quarta vez
parecia que me chamava. 
Outros dormiam, ele convidava.
Resisti o quanto pude... responder seria insano. 
Pro inferno a sanidade! 
Que fosse louca uma vez na vida. 
Que me rendesse à minha vontade,
já que era só minha. 
Que ouvisse, seguisse e lavasse essa alma
que quase já não existia. 
Sucumbi. 
Levantei-me e o segui. 
Abri a porta e com os ombros à mostra
Cedi. 
E senti. 
Senti o que há muito desejava
pois não podia, era loucura
e, se podia, me segurava. 
Senti seus toques gelados 
Tremi por uns instantes,
Molhei meus cabelos, meu vestido
pernas e pés 
me lembrei de algo engraçado
sorri
e não pensei em mais nada. 
Só me sentei e senti
o que era necessário. 
Adoeço, se preciso, por esse ato
ficar na cama já não me é nenhum fardo. 
Atendi ao seu chamado
Som com o qual eu me acalmo. 

"And did she call my name?
I think it's gonna rain
when I die"


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Ideal

E se, de repente, PUFT!
Explodíssemos como uma bolha
que se cansa do ar e se desintegra. 
Sem dar explicações, sem dar trabalho,
sem fazer falta.
Se apenas arrancássemos um "ah!" decepcionado
e em seguida fôssemos substituídos,
esquecidos?
Seríamos fascinantes, leves, delicados...
Frágeis e efêmeros. 
Não somos! Não é assim. 
Somos carne, sangue que por vezes esquenta,
história, desejos, marcas...
Nos arrastamos esperando um final feliz
ou apenas um final. 

Se tudo acabasse apenas com um vento mais forte,
se tudo se resumisse a um cutucão.
Se a vida realmente começasse de um sopro
E terminasse numa explosão surda, sem alarde
apenas com algumas centenas de lágrimas finas
e coloridas, feitas de água e sabão
para lavar nossa existência 
sem deixar vestígios?



segunda-feira, 5 de novembro de 2012

16:30

Tem tanta coisa nessa minha cabecinha confusa.
Tantos assuntos dos quais eu queria falar que esse provavelmente vai ser um daqueles textos longos, sem sentido cheio de devaneios que ninguém vai ler porque não tem paciência, ou porque vai parar no rascunho mesmo. Morro de medo de alguém descobrir o que tem nos meus rascunhos. Ainda bem que não interessa! Bem, é tanta coisa que eu comecei o último post de um jeito e acabei de outro. 
Ia falar sobre esse nó na minha garganta e falei sobre minha mania de me interessar intensamente por dois minutos. Estou preocupada com isso. 
O nó! 
Essa agonia desesperada que não tem sentido, razão, fundamento... mas tem hora marcada!
Sim, tem hora. 
Eu acordo bem. Não gosto de falar "de manhã" (de manhã, pra mim, é a hora que eu acordo, mesmo que seja às três da tarde), mas não dá pra dizer que acordo mal humorada. Demora um tempinho até eu me adaptar novamente ao que está além da porta do meu quarto, mas me adapto. E faço isso quase todos os dias. Tenho que fazer. 
O dia passa, o nível de bem-estar cai. É lá pelas 16:30. 
Junto os travesseiros, encosto nele, nem deitada nem sentada, quase em posição fetal e parece que minha cabeça se esvazia. Não penso em nada, não presto atenção a mais nada, fico meio catatônica. E a garganta vai apertando aos poucos. Tenho a impressão de que há alguém brincando de me torturar, me esganando lentamente pra eu ir me sentindo cada vez pior, sem perceber que estou morrendo. E assim continua até lá pelas 21:00. Depois passa. Normalmente passa. Hoje, ainda não.
O bem-estar não volta. Fica um vazio. Um espaço a ser preenchido. E é justamente aí que eu acho que está a causa e a solução do problema.
Que espaço é esse? O que é que falta?
Eu tenho uma necessidade enorme de falar sobre isso, mas não o faço porque não conheço ninguém que saiba o que eu sinto. 
Nem os médicos pelos quais eu passei servem. Eles querem me entupir de remédios.  Psicólogos também não, pois não quero ser curada, só quero falar e quero muito mesmo ouvir. Já tentei conversar com alguns mais chegados, mas eles sempre tentaram me enfiar na cabeça explicações que consideram lógicas, mas que, pra mim, não fazem sentido algum. Não gosto de conversar sobre isso com ninguém porque as respostas são sempre as mesmas: falta Deus. falta amor, falta ânimo.
Porra! Me deixem em paz, pelo amor desse Deus aí em quem vocês acreditam!
Não é nada disso!
Eu não sei o que é, mas não é nada disso. 
Eu queria encontrar alguém que me dissesse "Hey! Eu sei exatamente como é!", pra passarmos horas reclamando, expondo, contando, só pra desabafarmos mesmo, sem nos preocuparmos com soluções. Pra chorarmos, se preciso, mas, acima de tudo, pra sabermos que não somos únicos. Nem sempre é legal ser o incompreendido. E nunca é legal uma compreensão fingida por quem não sabe como é. Preciso de alguém que saiba como é. 
Essa pessoa não existe. 
Não sei o que falta, se é que falta, mas sei o que tenho e não posso reclamar de nada do que tenho: família, um ou dois amigos, emprego... liberdade e independência! Tenho a consciência de estar, aos poucos, acabando com tudo o que tenho. Talvez pra ter algo real pra reclamar, talvez porque ache que, quando o que me resta de bom acabar, eu me acabe também. 
E ânimo? Óbvio que falta! Vende em farmácia? 
Como é que alguém "cria" ânimo?
Ou você tem, ou não tem. Eu não tenho. Talvez antes das 16:30. 
Mesmo que vendesse, eu não tomaria, pois isso iria mascarar o que sinto, não resolver. 
Tenho um potão de remédio aqui no criado-mudo. É só esticar a mão e mandar dois ou três pra dentro. Eu tomei algumas vezes porque eles me ajudavam a dormir, mas parei. Prefiro ficar acordada. O sono vem de vez em quando, como essa noite. Me derrubou, dormi dez ou onze horas sem acordar nenhuma vez, sem nenhum sonho perturbador e eu acordei feliz da vida. Tão feliz que coloquei algumas coisas em dia e fiz alguns planos durante duas horas.
E então, o relógio marcou 16:30. Eu não vi as horas, mas sabia que eram 16:30.




  










Sempre assim.

O encontro. As descobertas, o fascínio...
A curiosidade.
A espera, a ansiedade... o contato.
Contato... contato...
O cansaço, o desinteresse, o descaso. 
Contatos e mais contatos.
A recusa, a ausência. 
Insistência.
A essa altura
As cores já não importam
O Branco se apaga
O desejo some
O interesse acaba. 
A curiosidade cessa.
Ah! A curiosidade. 
Se satisfeita, morre. 
Nunca a satisfaça,
Se desejares continuidade. 
Alimente-a, somente. E não chegue perto demais. 
Esconda-se, espreite, provoque. 
Não se revele.
A total descoberta é fatal. 

"I know I should care if your come with me
I should car if you go.
I really should care about your love or hate for me
I should care, but I don't".
Alt.End - The Cure. 


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Efemeridades

A falta,
A consciência do não mais.
Vida estagnada onde nada acontece.
Sem ser ingrata, tenho novos importantes
E um deles nem sabe o quanto
Contudo, sem o mesmo impacto.
Já não gosto da mesma forma,
Jã não vivo da mesma forma,
Não me entrego da mesma forma.
Não me entrego de forma alguma.  
 
Algo que se apagou aqui dentro.
Tudo se vai, tudo acaba.
 
Nunca mais The Smiths, Dostoiévski e vinho
e aquela arrogância encantadora!
 
Nunca mais a curiosidade nos aproximando
rir ou chorar, sempre bebendo
e dormir puxando seu cabelo,
Meu amigo!
 
Uma vida parou, a outra se foi
com a coragem que eu não tenho.
 
"So give me something to believe 'cause I'm living just to breath"
 Believe - The Bravery
 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Um algo que aperta garganta enquanto outro algo tenta escapar.
Ambos com mesma força, não se cansam de lutar. 
E eu pequenininha, em meio a tudo, sabendo que ninguém vai ganhar.
Cheia e sufocada...
Se ao menos eu explodisse!
Vazia e estrangulada
Se eu sucumbisse...
Resisto sem forças, 
Sobrevivo sem vontade, 
Continuo sem destino, sem alma ou fim... sem ser dona de mim.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Somos Nada.


Parabéns???

Querem saber?
Não somos tudo isso que dizem. Salvam-se alguns poucos. Pouquíssimos mesmo.
E, desses poucos, uns se queimam por serem autênticos.
A maioria de nós é acomodada, folgada e encara tudo como uma forma de viver sem se esforçar muito.
Muitos de nós somente fecham a porta, pouco se importando com o que acontece no mundo lá fora e menos ainda com que acontece ali dentro, desde que o mundo lá fora, mesmo percebendo, não reclame.
Muitos de nós se matam em um lugar e usam o outro como descanso. Já ouvi isso de um de nós. Muitos de nós odeiam o que fazem, as pessoas com quem convivem e dizem que essas pessoinhas estão conosco por um curto tempo, mas serão dos pais a vida toda.
Muitos de nós estão pouco se fodendo para o futuro, muitos de nós são hipócritas.
Muitos lambem o chão no qual o imediatamente superior pisa pensando que isso traz alguma vantagem. Pode até trazer, mas eu nunca vou saber. Pois isso eu não faço.
Muitos de nós terminam o dia querendo matar meia duzia, ou mais... 
E por aí vai.
E, pra piorar, muitos de nós se consideram melhores que os demais. Por terem um reles pedaço de papel, conhecido como diploma e, por isso, muitos de nós se consideram mais importantes que quem varre nossas ruas, que quem planta nosso trigo, fabrica nosso pão, paga nosso salário. 
Não somos importantes. Não na era da informação - somos ultrapassados, obsoletos. 
Não somos nada!
A nossa sorte é que essa gente ainda não sabe se virar sozinha. 
Hoje se aprende tudo com um computador na mão.
E muitos de nós não sabem mandar um e-mail! 
Não somos nada. 
Somos marionetes nas mãos dos que querem um povo inculto e cordial. Não passamos de bodes expiatórios de um sistema propositalmente falho, onde a culpa recai toda sobre nós.
E temos culpa. Temos culpa quando alternamos os papéis de vítima e de carrasco, e nunca de incomodado. Para nós, a culpa é de todos. Para todos, a culpa é nossa.
E quem é que tem razão? 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Quase Sempre

Não é sempre, mas é quase o tempo todo
que parecem paráfrases um do outro.
E quando parecem, uma luz se acende 
E um se defende 
antes que o outro tente.

Não é sempre, mas é quase o tempo todo
Que admiram um ao outro
E quando acontece, a luz se apaga
E um se afasta 
e ambos mentem.

Não é sempre, mas é quase o tempo todo
Que se dizem cansados
Da vida, dos fardos, do amor terminado
E quando é dito, o universo se expande
E ambos se repelem
como pólos iguais. 

Não é sempre, mas é quase o tempo todo
que ambos não querem, e suas vida seguem
Como estranhos irreais. 

"But if you could just see the beauty
These things I could never describe
These pleasures a wayward distraction
This is my one prize"